Esse mito não vai dar em nada, mas assusta as crianças e
promove filme.
By Michael E. Bakich
O mito de que o mundo vai acabar
em dezembro de 2012 começou com alegações de que Nibiru, um planeta
supostamente descoberto pelos sumérios,
está se dirigindo para a Terra. Zecharia Sitchin, que escreve ficções sobre a antiga civilização mesopotâmica da Suméria, afirmou em vários livros (por exemplo, O Décimo segundo Planeta, A Escada para o Céu, O Fim dos Dias)
que ele foi encontrado e que a tradução de documentos sumérios antigos identificam esse planeta - Nibiru - orbitando o Sol a cada 3.600 anos. As fábulas
sumérias de Sitchin incluem histórias de visita
de astronautas alienígenas à Terra
e de uma civilização alienígena chamada
Anunnaki.
Após o aparecimento desses livros,
Nancy Lieder, uma auto-declarada mentalista, escreveu em seu site ZetaTalk que os
habitantes de um planeta fictício que orbita a estrela Zeta
Reticuli avisou que
a Terra estava em perigo devido à
presença de um planeta errante denominado Nibiru. A
previsão disse que a colisão de
Nibiru e da Terra ocorreria em maio de 2003.
Como
nada aconteceu naquele mês, os alarmantes postergaram a data
do fim do mundo para dezembro de 2012.
Só recentemente pessoas ligaram essas duas fábulas com o
final da contagem do tempo maia
de longa duração para o solstício de verão em 2012 - daí a data
do fim do mundo previsto para 21 de dezembro de 2012.
Nibiru
é um nome na astrologia babilônia associado com o deus Marduk. Estudiosos da
antiguidade mesopotâmia refutam o fato que Nibiru seja um planeta e que os
Sumérios tivessem conhecimento dele. A Suméria foi uma grande civilização, mas
eles deixaram poucos registros astronômicos. Eles não sabiam, por exemplo, que
os planetas orbitavam em torno do Sol. Essa idéia somente surgiu na Grécia
antiga, dois milênios após a queda do império sumério.
Tem
gente que diz que a NASA encontrou Nibiru em 1983 usando o satélite astronômico
de infravermelho, o Infrared
Astronomy Satellite (IRAS), que durante os dez meses que esteve em órbita
catalogou 350.000 fontes de emissão na faixa do infravermelho, das quais a maioria
dessas emissões já foram identificadas. Os astrônomos têm acompanhado essas
emissões com instrumentos poderosos, tanto a partir de observatórios situados
no solo quanto dos telescópios colocados em órbitas espaciais. O rumor sobre um
décimo planeta veio à tona em 1984, após a publicação de um artigo na revista Astrophysical
Journal Letters intitulado "Unidentified point sources in the IRAS
minisurvey". Em 1987, cientistas publicaram que identificaram a origem
desses misteriosos objetos como sendo galáxias distantes. Nenhuma das fontes de
emissão detectadas pelo IRAS foi identificada como sendo um planeta. Para um
astrônomo profissional as alegações persistentes sobre um planeta que esteja
nas proximidades, mas invisível, são
simplesmente ridículas.
As afirmações de que um
“Planeta X” seja Eris, são também absurdas. Eris é um dos muitos planetas-anões
recentemente encontrados pelos astrônomos nas regiões mais externas do nosso
Sistema Solar. Todos esses objetos nessa região percorrem órbitas regulares
muito distantes da Terra. Eris é muito menor que a nossa Lua, e sua órbita
nunca o aproximará da Terra para menos que 6,5 bilhões de quilômetros.
Os seguidores da crença do
mito da colisão de Nibiru com a Terra publicam fotos na internet que parecem
mostrar o planeta. A grande maioria das fotos e vídeos mostram algumas
silhuetas nas proximidades do Sol. Alguns proponentes acreditam que Nibiru
encontra-se escondido por detrás do Sol desde muito anos no passado. As fotos
na realidade mostraam imagens secundárias do Sol causadas pela reflexão interna
das lentes. Os fotógrafos conhecem esses efeitos com o termo técnico de
nominado “lens flares”. Essas imagens aparecem no lado oposto ao do
Sol, como se refletindo através do centro da imagem. O efeito de lens flare é especialmente óbvio em
vídeos devido aos movimentos da câmera, pois a falsa imagem dança extamente na
posição oposta da imagem real.
Na falta
de fatos, alguns partidários
da colisão reinvindicam o fato que os
governos estão escondendo os detalhes a respeito do assunto.
Uh huh! Se Nibiru fosse real
milhares de astrônomos de todo o mundo,
profissionais e amadores, estaria em seu encalço agora.
Apesar de tudo isso que sabemos
sobre este mito, porque
é que há tanta excitação, então? Quem
está promovendo tais afirmações? A resposta parece ser simples:
Columbia Pictures. Enquanto eu escrevo
isto, a publicidade para o novo
filme de Columbia de 2012, a ser lançado em
novembro de 2009, está em toda parte. Trailer do filme mostra uma onda que quebra sobre o Himalaia, com as seguintes palavras: "Como irão os governos de nosso planeta preparar 6
bilhões de pessoas para o fim do
mundo? [longa pausa] Eles não o farão. [longa pausa] Encontre a Verdade. Pesquisa do Google de 2012".
Para o filme a Columbia criou um
site científico falso (www.instituteforhumancontinuity.org).
Este site pertence a uma organização
fictícia chamada de Instituto de Continuidade Humana (IHC). Segundo o site,
a missão do IHC é a sobrevivência da humanidade.
O
site diz
ainda que em 2004, os cientistas do IHC confirmaram com 94
por cento de certeza que o mundo seria destruído em 2012. OK, eu sou um cinéfilo de sci-fi. Vamos comprar os ingressos.
Não compre o sensacionalismo de que
o mundo vai acabar em 2012.
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